terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Tanti Auguri a Te

Cheira-me a vela queimada e sabe-me a cera. Não que alguma vez a tenha provado, mas é a mesma questão de algo saber a terra sem nunca a ter degustado.
Trinco enfeites prateados, massa pão sofisticada e comprada. Já não consigo apreciar a doçura, depois de um jantar recheado de salgados - é difícil. O melhor é o bocado de creme que espreme para as mãos e besunta tudo o que tocamos, sem esquecer os cantos da boca por limpar no guardanapo estampada para a ocasião. O copo já reclama de tão vazio que se encontra e conspurcado externamente pelas nossas sensíveis manápula e lábios descolorados de batom com vestígios de metal pesado.
Nem se fala no cabelo, já mais despenteado e sofredor de pequenos choques eléctricos de corrente alterada. Entretanto, o ódio. Só porque quem se senta ao nosso lado grita "vinho é alegria!" após despejar, literalmente, um copo de substância líquida rubra por cima da toalha e do nosso vestido, que é novo em folha e que nos traria melhores memórias que esta, sem dúvida.
Mais um brinde, e ainda agora é que a festa vai no átrio. Ou não. As vozes desafinadas já se fizeram ouvir, na cantiga mais entoada por todos, todos os dias, mais do que uma vez, em várias línguas. Afinal estamos quase a chegar aos 7 mil milhões, e um "Parabéns a Você" nunca fez mal a ninguém. Excepto o incómodo a quem não quer envelhecer...
As despedidas antecipam-se, beijinho para cá, encoste de face para lá. As promessas de novas convivências, e desejos de continuação de feliz aniversário e que "contes muitos", sem dispensar o "com muita saúde".
É caso para dizer "Feliz Aniversário", se for hoje, ou noutro dia qualquer.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Desejo mais um pouco de regresso.

Não me quero ir embora sem pensar no regresso. Porque é a pensar nele que me vou embora. Confuso? Não, nem por sombras, que a escuridão às vezes é tão clara quanto um dia abrasador de verão. Adoro quando te lembras, e odeio quando só eu me recordo.

Às vezes ilustro, não só quadros, mas também imagens e sonhos, mesmo quando acordada e sonolenta, à espera que o despertador não toque. Por favor, não toques agora, prefiro acabar isto neste momento e não depois.

Cheira-me a comida vegetariana. Nem sei como ainda não enjoei, talvez porque a carne é que me revolta o estômago, o sangue a escorrer pelos talheres espelhados e, efectivamente, afiados. Odeio carne mal passada. Embora deteste que me moam os pensamentos.

Adoro livros acabados de estrear, o cheiro a folhas impressas é viciante, como hei de abordar de forma entusiasta os livros electrónicos? Não abordo, deixo-os de parte ou só me encosto a eles quando é preciso. Ao fim de contas, parto e regresso sempre anexada aos melhores amigos do Homem, como pendentes obrigatórios. Sinceramente, não poupo dinheiro para comprá-los, são essenciais. E quando se descobrem sites com livros na língua nativa a metade do preço da tradução portuguesa, e sem despesas de portes, melhor ainda.

Deixa-me dormir só mais um bocadinho antes de embarcar e partir. Desejo mais um pouco de regresso.

domingo, 29 de agosto de 2010

Água com Cafeína


É bom conviver. Nada substitui um jantar de amigos, conhecidos ou mesmo desconhecidos, em detrimento da banalidade da internet e redes sociais que castram as pessoas na sua vertente de seres humanos que vivem no mesmo planeta e que têm que conviver uns com os outros. Nada substitui o tal café que se combina, mesmo que não se beba a tal água com cafeína. Pois há quem se esqueça que se não fossem os outros, nós não seríamos ninguém, nem seríamos o que somos. O mundo não é formado à nossa medida, nós é que temos que nos adaptar.
Como é bom trocar ideias sobre um assunto a partir de diferentes pontos de vista! Nada substitui as tertúlias onde nascem novas ideias, criam-se metas e objectivos, traçam-se planos e suposições.

domingo, 8 de agosto de 2010

Um Companheiro Inesquecível


Susanna Tamaro, autora italiana conhecida com um dos seus bestsellers Vai Até Onde Te Leva o Coração, lançou em 2008 uma obra intitulada Um Companheiro Inesquecível.

Esta estória não tem propriamente um cariz romântico, mas toca no amor que se pode nutrir por um animal de estimação encontrado por nós em qualquer local, até mesmo no caixote de lixo embrulhado em qualquer coisa. Isto é o que acontece com Anselma, uma senhora de meia-idade que reside em Roma sozinha e que até então vivia para sobreviver e não para viver. Um papagaio da Amazónia com as cores do arco-íris que lhe faz pensar na sua vida, fazendo com que ame de novo, esquecendo o marido que afinal não tinha ficado coxo no serviço militar, e os dois filhos que querem que a mãe tenha companhia a tempo inteiro para atenuar as suas preocupações pouco partilhadas pela nora e genro, respectivamente.

Anselma vai fazer de tudo para proteger o seu animal de estimação, até ponderar a sua própria existência. Uma narrativa que explora alguns retornos ao passado da personagem, entre idas e vindas, pessoas que passaram, como a melhor amiga Luisita, colegas de profissão, entre outros. Uma quebra nas rotinas estabelecidas, naquilo que já não fazia há anos e no que de novo ainda fará.

domingo, 1 de agosto de 2010

O Clã da Loba


O Clã da Loba - Livro I da saga A Guerra das Bruxas de Maite Carranza, escritora espanhola, é o primeiro de um mundo real onde as bruxas existem, como o próprio nome indica.

Anaíd parece uma rapariga diferente para a sua idade, na medida em que é pouco desenvolvida para os catorze anos, muito inteligente e sabichona. Entretanto, a mãe Selene desaparece, tudo indica ser por exclusiva vontade, mas a filha tem a certeza que não, embora haja alguns momentos de hesitação. A rapariga passa a estar à guarda de Criselda, a irmã da avó Deméter, que já havia morrido.

Com a saída de cena de Selene, Anaíd descobre que afinal é uma bruxa Omar, isto com o auxílio das amigas de Selene e também bruxas.

A existência das bruxas Omar e Odish, não é pacífica devido a histórias passadas. Tudo indica que Selene é a eleita que cessará a guerra entre os dois tipos de bruxas. Assim, Anaíd vê-se obrigada a resgatar a mãe, que é "sequestrada" pelas Odish, com o intuito de serem estas as vencedoras.

Uma aposta da Editorial Presença neste ano que comemora os seus cinquenta anos.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Tic-tac

Porque me fazes isto? Eu sei que não consigo lutar contra ti, e por isso devia ser tua aliada. Mas é difícil esquecer-te, pois estás sempre presente, nunca te vais embora, seja quando estou ocupada ou sem nada para fazer. Porque no silêncio, és efémero, e na exaustão também o és.
Podes passar, embora a memória permaneça inerte. Posso perdoar e esquecer, e voltas a abrir-me uma fenda. Podes ir embora e não dizer nada, porque antes nem palavras foram precisas. Quando elas começaram a ser necessária, tudo se evaporou e foi com o vento - "palavras, leva-as o vento".
És a agulha no palheiro, a última gota de água do oceano, o último respirar, o lince ibérico em extinção, a faca de dois gumes, o diamante por lapidar, o sorriso triste, o espelho da alma, o poço dos desejos, a cara ou a coroa da minha última moeda de cem escudos, a minha arca de madeira trabalhada, a minha biblioteca pessoal, as minhas fotografias mais antigas, a minha amnésia momentânea...
És tudo e às vezes nada, algo inventado pelo homem, que já antes existia. Sim, não é só a pescada que antes de o ser, já o era. O tempo sempre cá esteve, mesmo que não o saiba.

sábado, 10 de abril de 2010

Um dia...

Um dia vou implementar a lei da Felicidade para todos. Não há a saúde para todos? Um dia vou dar a volta ao mundo sem ser em 80 dias, que tal mais? Um dia vou ali e já venho quando me apetecer. Um dia direi o que me apetece sem repercussões. Um dia não direi nada, e silêncio far-se-á. Um dia saio sem pedir licença. Um dia direi tudo o que não disse a quem devia ouvir.
Esse dia será longo e cansativo, cheio de peripécias e aventuras. Será o melhor dia que acontecerá, e talvez o pior. Será tudo o que nunca foi e o que jamais será.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Nem o lacrar te prometerá salvação

Rasga-me mais um pouco como se não tivesses dó nem piedade. Cose aqui e acolá como se não sentisse cada picada. Eu sei que é mais fácil para ti, sempre foi. Eu sei que não significa nada para ti, nem mesmo se me tornasse cinza ou fumo, pura poluição. Tu sabes sempre o que está certo, sempre. Esqueces-te que eu posso perdoar, embora não esqueça, embora a tua existência pouco me dê, um nada. Sê o que és, e eu jamais confiarei como uma cega, hipnotizada, marcada. Já comecei a cortar a teia, sim esta corda transparente, esta tinta que continuou a escorrer e a sujar o local onde repouso, onde formo cada palavra e frase desmedida. O tinteiro vai começar a secar, e aí, não há volta a dar. Nem o lacrar te prometerá salvação.
Não se deixa cair, assim, algo tão precioso que se receba de oferta. Rachaste-o, quase que o partiste, e agora não há cola super três que o salve. Não vale a pena sorrir, vale a pena rir, que me rio também do disparate. Rio-me para não ficar para trás, para brincadeiras basta! Nunca mais te levarei a sério. Vê o que deu a minha falta de humor!

sábado, 21 de novembro de 2009

"Traída" da saga Casa da Noite


Fresquinho e ainda na cabeça encontra-se Traída de P. C. Cast e Kristin Cast, segundo volume da Saga da Casa da Noite da Editora Saída de Emergência.
Tudo parecia encaminhado neste novo mundo que a acolhera, embora o que pareça às vezes não seja realmente a verdade. Zoey Redbird, a heroína, depara-se com situações completamente díspares relacionadas com o que antes tinha como definido, até o comportamento da Sumo-Sacerdotisa Neferet - a "directora" do estabelecimento de ensino.
Entre mortes inesperadas de humanos e de colegas e amigos iniciados em mudança para vampyros, tudo parece desabar-se. Sem contar com os problemas amorosos naquele triângulo que mais parece um quadrado, dividida entre um humano, um em mudança e um vampiro poeta.
Já estou à espera do terceiro volume, Escolhida. Que decisões tomará a iniciada mais avançada da Casa da Noite?

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O meu dia foi uma serra eléctrica de ruído estridente, uma dor de corte.

Vê-me! Estou feita num oito. O meu dia foi uma serra eléctrica de ruído estridente, uma dor ao corte – mas onde ainda me levanto com o intuito de voltar a casa e esperar que me trates e cosas. Principalmente se tiveres cuidado ao sarar-me as feridas, ignorando as minhas lamechices e ao pores música ambiente, que me cure do silêncio infernal.

Lembro-me de outras serras eléctricas que atacaram em dias, nuns mais, noutros menos, à espera de fazerem desistir a quem arrancavam e estilhaçavam a carne. Até que me saturei de sofrer do latejar que me provocavam, esvaziando-lhes o depósito do combustível. Por isso, cuida de mim: parece que ainda tenho mazelas.


domingo, 25 de outubro de 2009

Aquele pedaço de mundo que se quer só para nós nunca será nosso. Aquele pedaço de querer que temos existirá sempre. Aquilo que tinha antes quero de volta. Porque aquilo que quero hoje, amanhã pode não existir ou simplesmente já não estar na minha mira. Quero e pronto! Será demais dizer? Não, porque não digo literalmente, apenas por alguma atitude menos ponderada ou pouco reflectida.
Escorre ouro pelo sangue sempre que se deseja algo que embata nos desejos de outros ou na liberdade de quem nem conhecemos.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Foram dias cheios de horas recheadas por minutos

Um ano de Talismã. Sim, foi ontem que o talismã celebrou o seu primeiro aniversário... Infâncias à parte, é altura de um rescaldo.
Depois de iniciar este blogue com ultimatos ao Verão de 2008, falta de paciência para permanecer sem actividades no final das férias (onde é que já ouvi isso neste dias?), recordar acidentes que marcaram o mundo (11 de Setembro), desabafos intelectuais e emocionais entre devaneios, assuntos da mais importância entre politiquices e cultura, e o devorar incansável dos amigos mais fiéis que se possa ter, os livros - sem menosprezar os que são mesmo e os cães -, estes últimos, entre mordeduras de presas aguçadas, dieta rica em hemoglobina e ferro, cegueiras instaladas, ossadas por desenterrar, alienígenas parecidos com centopeias, e tantos outros assuntos por que passei nesta morada.
Foram dias cheios de horas recheadas por minutos, entre eles, entornados de segundos simplesmente embriagados por milissegundos.




Deixo um vídeo em matéria musical - Vanessa Mae com "Storm" (4 estações de Vivaldi).

domingo, 6 de setembro de 2009

Marcada - P. C. Cast e Kristin Cast

Nota: Este post poderá conter informação a mais para quem não queira saber algo sobre a Saga Casa da Noite.

Já terminei a leitura de Marcada de P. C. Cast e Kristin Cast da editora Saída de Emergência. No início achei estranho estar na contra capa o nome da personagem principal "Zoey Redbird" e no início do livro "Zoey Montgomery" - podia ser um erro. Só depois percebi que não, afinal o sobrenome "Redbird" tem mesmo razão de ser.
Sobrenomes antagonistas à parte, no início vejo uma Zoey estranha que tem uma melhor amiga tagarela e aborrecida, uma tal de Kayla. Até que é marcada por um Caça-Cabeças - não se trata de um assassino em série que corta as cabeças e colecciona-as. - Apenas, tatua uma marca na cabeça de jovens seleccionados para frequentarem uma escola de vampyros (o "y" está no livro) chamada Casa da Noite - por acaso também é o nome da Saga. Também há o Heath, um ex-quase namorado, que não a deixa em paz, além de ser bêbado.
Entre um mãe ausente, um padrasto do pior, uma irmã chefe de claque e um irmão "nerd", Z só conseguirá ir para a nova escola com auxílio da avó. Lá, encontra amigos, inimigos e alguém especial, Erik.

O segundo livro da saga Casa da Noite, Traída, estará disponível a partir de dia 11 deste mês.